O caso de Gabriel Renan da Silva Soares, um jovem negro de 26 anos morto por um policial à paisana em frente a um mercado na Zona Sul de São Paulo, levanta questões sobre abuso de força e racismo estrutural. Em um episódio que teria começado com a acusação de furto de produtos de limpeza, a abordagem resultou em uma sequência de tiros que, segundo o laudo inicial, causaram 11 perfurações no corpo de Gabriel, que, conforme a família, estava desarmado.
O PM Vinicius de Lima Britto alegou legítima defesa, afirmando que Gabriel teria simulado estar armado ao colocar a mão dentro da blusa. Contudo, a família e testemunhas contestam essa versão, apontando contradições entre os depoimentos do policial e do atendente do mercado. O pai de Gabriel, Antônio Carlos Moreira Soares, e a advogada da família, Fátima Taddeo, afirmam que o número de tiros e a dinâmica do evento são indícios de uma execução. Segundo a advogada, “a vida dele estava valendo uma caixa de sabão”, e a quantidade de disparos, especialmente nos braços, sugere que Gabriel tentava se defender.
A mãe, Silvia Aparecida, descreve a dor de perder o filho, um “menino doce” que enfrentava problemas com dependência química e ainda nutria esperanças de um futuro melhor. Ela se questiona por que o PM não optou por detê-lo ao invés de atirar.
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com perícias em andamento, incluindo laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML). A resposta da justiça é aguardada pela família, que espera a responsabilização adequada diante da perda trágica e acredita que a violência foi exacerbada por preconceitos raciais e sociais.